segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O Ponto do Preconceito - Preconceito Racial Gera Confusão

No ano de 2011 os alunos monitores da Sala de Informática da EMEF Antonio Carlos de Andrada e Silva, na Zona Leste, produziram um vídeo contra o preconceito racial. Uma história curta, engraçada e surpreendente. Pode ser trabalhada em sala de aula com crianças e adolescentes.

Veja o vídeo:

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

STAND UP COMEDY É COM ROBSON NUNES

Sempre estranhei esses novos artistas de stand up comedy. Porém, minha opinião começou a mudar depois que assisti à participação de Robson Nunes no Programa Altas Horas:



Antes de assisti-lo, eu achava alguns desses humoristas, das camadas médias e alta da sociedade, bastante altivos, preconceituosos, apresentando piadas que ofendiam, substimavam, depreciavam as pessoas das classes inferiores.



Já Robson transparece propriedade ao contar suas histórias. Para ele o alvo não é o outro (pobre e negro). É ele mesmo e seu personagem, não ri dos outros, procurando inferiorizá-los, mas ri com e dele mesmo, mostrando o quanto o pobre e o negro pensa diferente. Ele encarna personagens extremamente populares, tais como: um cantor de RAP (sua imitação do Mano Brown é digna de destaque), um cobrador de ônibus, dentre outros.



Ele já fez vários trabalhos para a televisão. Basta pesquisar sua biografia. Agora que está fazendo algo realmente significativo ele precisava estar na TV, nos programas populares, para que as pessoas vissem seu talento como humorista.

O povo do Twiter poderia começar uma campanha do tipo: #panicocontrateorobsonnunes. Mas pague bem.

Confira a programação de suas apresentações no site:
http://afrobege.com.br/

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Robson Nunes imitando Mano Brown

Tem circulado na internet um trecho de uma apresentação de stand up do humorista Robson Nunes. Tem feito muito sucesso e revela o grande talento desse jovem ator negro.

Mano Brown canta sobre Marighella



No último mês apareceu um som de Mano Brown sobre Carlos Marighella, militante político da época da ditadura militar brasileira. Interessante o tema, pois rememora um período da história de nosso páis que não pode ser esquecido.

Vamos analisar a letra e ver se vai repercurtir.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Fala Indignada de um Senhor Negro à BBC Londres

Racismo e preconceito de classe foram responsáveis pela deflagração dos distúrbios em Londres, segundo Mr. Dowe.

Os outros telejornais, a não ser o da TV Cultura, não mostraram esse desabafo do Mr. Dowe à apresentadora da BBC que o entrevistava. Ele consegue desmontar, com sua fala indignada, o maniqueismo da imprensa. Pois apresentou todas as causas dos distúrbios causados por jovens londrinos. Segundo ele esse movimento aconteceu devido ao tratamento "hostil" que jovens negros e pobres têm recebido por parte das autoridades.

E no final cobrou respeito por parte da apresentadora, que com um jogos sujo de palavras tentava acusá-lo de promover os distúbios

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Moving Macaco

Canções especiais são apreciadas em todos os cantos do mundo. Essa é uma delas. Bastante original e com elementos étnicos que prendem a atenção do ouvinte.



Abaixo vai a letra:

Moving, all the people moving, one move for just one dream
We see moving, all the people moving, one move for just one dream

Tiempos de pequeños movimientos...movimientos en reacción
Una gota junto a otra hace oleajes, luago mares...océanos
Nunca una ley fue tan simple y clara: acción, reacción, repercusión
Murmullos se unen forman gritos, juntos somos evolución

Moving, all the people moving, one move for just one dream
We see moving, all the people moving, one move for just one dream

Escucha la llamada de "Mama Tierra", cuna de la creación
Su palabra es nuestra palabra, su "quejío" nuestra voz
Si en lo pequeño está la fuerza, si hacia lo simple anda la destreza
Volver al origen no es retroceder, quizás sea andar hacia el saber

Moving, all the people moving, one move for just one dream
We see moving, all the people moving, one move for just.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Vídeo Criativo da Campanha do Desarmamento

Esse vídeo está sendo veiculado há alguns meses e mostra, de maneira inédita e criativa, o que as armas são capazes de produzir: sofrimento interminável para vítimas e seus familiares. É preciso mais vídeos e materiais assim para que as pessoas comecem a se conscientizar sobre a necessidade do desarmamento:



Abaixo as justificativas da Campanha do Desarmamento 2011 postadas no canal: http://www.youtube.com/user/mobilizacaosocial do Youtube

"A Campanha Nacional do Desarmamento 2011 tem como objetivo mobilizar a sociedade brasileira para retirar de circulação o maior número de armas de fogo possível e contribuir para a redução da violência no País. O lançamento oficial é neste dia 6 de maio, no Rio de Janeiro.

Estudos como o Mapa da Violência, divulgado em fevereiro deste ano pelo Ministério da Justiça, apontam diminuição da violência e queda nos índices de homicídio no período das campanhas anteriores. Portanto, é uma das medidas que tem se mostrado eficaz e cumpre determinação do Estatuto do Desarmamento.

A premissa dessa campanha é a boa fé de quem possui ou é proprietário de arma de fogo e decide entregá-la à Polícia Federal ou a um posto de recolhimento credenciado.

A nova campanha tem quatro diretrizes que a diferenciam das duas anteriores:

1. o anonimato de quem entrega a arma de fogo
para estimular o cidadão, que não precisa fornecer dados pessoais para entregar a arma nem para receber a indenização
2. a inutilização da arma no ato do recolhimento
para evitar a possibilidade de ser usada novamente antes da destruição definitiva
3. a agilidade no pagamento da indenização
o prazo para saque é de 24 horas até 30 dias após a entrega
4. a ampliação dos postos de recolhimento
a campanha começa com as unidades da Polícia Federal e a cada semana, serão credenciados novos locais para a coleta de armas de fogo."

domingo, 12 de junho de 2011

Envolvimento dos Jovens na Cultura Hip Hop



O envolvimento se dá em diferentes níveis, dependendo do trajeto que cada pessoa ou grupo empreende ou não no circuito do hip-hop. Existem jovens e/ou grupos de jovens que tem um contato tênue com os elementos, enquanto outros participam ativamente, freqüentando com assiduidade os espaços, encontros, eventos, festas espalhados pela cidade. Por essas razões construí uma classificação inicial do grau de envolvimento dos jovens, agentes pesquisados.

Os simpatizantes/admiradores são jovens que conhecem alguns elementos (break, rap, grafite, discotecagem) de forma isolada, fora do contexto do hip-hop. Gostam, sobretudo, das canções rap, nacionais ou internacionais. Conhecem os principais e/ou mais famosos grupos e cantores de rap. Vão a um ou outro show desses grandes expoentes, quando ocorrem no pedaço ou em localidades próximas. Consomem o RAP através das rádios, da internet, dos cds comprados em camelôs do próprio pedaço. Concomitantemente, curtem outros estilos musicais. Vestem-se ao estilo da periferia, mas não são fiéis às indumentárias hip-hop. Alguns tendem a confundir o rap (provavelmente único elemento do hip-hop conhecido por eles) com trilha sonora da bandidagem ou do crime.

Gostam do som e entendem as entrelinhas, gírias, contidas nos versos do poema, de forma fragmentária e, por vezes, distorcida em relação às interpretações mais correntes Não conhecem, por conseqüência, os objetivos, a história, trajetória ou iniciais tradições da cultura hip-hop. Não transitam pelo circuito das festas/eventos/encontros da cultura, não reconhecem conscientemente a existência desse circuito. Às vezes se encontram em um ou outro espaço do circuito, levados por alguém com um grau de envolvimento maior.

Já os participantes são jovens ou grupos de jovens que integram o hip-hop participando de suas festas sem se envolver no desenvolvimento prático de algum dos elementos. Alguns têm parentes ou amigos que são ativistas, recebendo, assim, informações privilegiadas. Por isso, já sabem parte da história da cultura e podem encontrar equipamentos de lazer, circulando em boa parte do circuito do hip-hop. Servem de espectadores fiéis para os breakes, rappers, dj’s e grafiteiros durantes as festas de hip-hop.


Cultuadores, Militantes e/ou Ativistas encontram-se, nessa classificação inicial, num mesmo grau ou nível de envolvimento na cultura ou movimento hip-hop. Tanto uns, quanto outros são responsáveis pela continuidade do estilo e muitos são marcados pelo fato de se colocarem como produtores e não apenas consumidores de seus elementos. Desenvolvem desse modo seus talentos, praticando um ou todos os elementos. A sutil, mas presente, distinção entre esses tipos de agentes fica por conta da forma como encaram o hip-hop.

Os militantes/ativistas tomam o hip-hop como um movimento social e muitos deles pertencem a partidos políticos ou são ativistas do movimento negro. Alguns desses militantes costumam citar nos encontros/eventos, nos quais há possibilidade de fala, os autores da literatura marxista. Enquanto os cultuadores buscam conhecer profundamente o desenvolvimento da história, dos expoentes e dos elementos do hip-hop, os militantes procuram usar o “movimento” (nomeado por eles) como veiculo de difusão de discursos de conscientização política e étnica. Internamente, tanto um quanto outro grupo são chamados de ativistas. Deve-se atentar para não cair na armadilha de afirmar que os cultuadores são mais preocupados com a parte operativa e prática, enquanto os militantes cuidam da parte intelectual do hip-hop, visto que os cultuadores se mostram, através das falas nos encontros, muito conscientes do seu papel como constituidores de identidade étnico-política atual e dinâmica. Os militantes, também, demonstram profundo conhecimento da história do hip-hop.



Postagem oferecida por:


domingo, 5 de junho de 2011

Intelectuais da Periferia - Rappers




No início dos anos 1990, a forte influência do discurso intelectualizado dos grupos de RAP estadunidenses e o contato com o movimento negro levaram os rappers paulistanos a incorporar alguns símbolos da luta afro-americana pelos direitos civis (Leia: ANDRADE, E. N. de. RAP e Educação, RAP é Educação. São Paulo, Hummus, 1999.).

Em decorrência disso, os rappers passaram a ler biografias dos principais líderes afro-americanos com o intuito de conhecer a história da diáspora africana para as Américas e, principalmente, as especificidades do racismo brasileiro. A estratégia centrava-se na obtenção do entendimento e conhecimento dos problemas sociais e étnicos para fundamentar as ações e as canções RAP. (Leia: SILVA, J. C. G. da. Arte e educação: a experiência do hip hop paulistano. In: RAP e Educação, RAP é Educação. São Paulo, Hummus, 1999. pp. 23-38.)

Assim, as representações étnicas, religiosas, das classes sociais e da violência urbana das canções encontravam referências nas experiências cotidianas e intelectuais dos jovens produtores de RAP.

Diante desse cenário, pode-se pensar o RAP como um espaço de disputas, caracterizado não só por mudanças e transformações, como também por resistências e permanências. Além disso, é possível observar como se deu o processo de simulação de força que transformou o RAP numa tática lingüística eficiente para driblar os contratos e alterar, através do jogo poético, as regras de um espaço opressor. (Ideia inspirada em CERTEAU, M. Invenção do Cotidiano: artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1994.)

Nesse sentido, o RAP foi o efeito colateral do sistema opressor que não dava espaço para expressão do descontentamento por parte dos jovens de periferia. O RAP virou uma válvula de escape, ou seja, uma forma de expor o que, pelas vias "cidadãs", não podia ser dito.


Postagem oferecida por:



quarta-feira, 1 de junho de 2011

2011 - Ano Internacional do Afrodescendente

As representações mundiais da UNESCO estão promovendo o Ano Internacional dos Afrodescendentes. Durante todo ano haverá eventos que intensificam as discussões sobre ações que garantam a igualdade e inclusão da população negra por meio da cultura e da educação. Acesse a o site da representação da UNESCO no Brasil:



No blog Periferia em Movimento há informações sobre bolsa de estudo para afrodescendentes. Acesse:





Ηá ainda a oportunidade de bolsa de estudos para afrodescendentes na através da FUNDAÇÃΟ FORD
Postagem oferecida por:


segunda-feira, 30 de maio de 2011

RAP como instrumento de conscientização





O fato de o RAP ter sido confundido preconceituosamente com o crime, como se os rappers incitassem à violência, impediu que a representação feita por suas letras fosse plenamente apreendida. Os alertas feitos pelos rappers sobre as armadilhas dos sistema capitalista contra o jovem pobre foram vistos como convocação para uma guerra contra a sociedade.

No senso comum, desenvolveu-se uma odiosa idéia de que o jovem afrobrasileiro, pobre, morador das periferias, sem acesso a escola de qualidade e, conseqüentemente, sem colocação no mercado de trabalho era um potencial criminoso. Os preconceituosos tomaram as letras de RAP como um reforço da “fúria” desse jovem contra a “sociedade de bem”.

Ao contrario disso, o RAP, como instrumento de conscientização e veículo de transmissão de mensagens dos jovens afrobrasileiros pobres, foi a voz mais competente para avisar que a verdadeira “malandragem” é viver.


Postagem oferecida por:

quinta-feira, 26 de maio de 2011

RAP - representação de escolhas



As letras de RAP contribuíram para a compreensão de como parcela dos jovens vivem na periferia de São Paulo e dos significados que deram às representações que fizeram de suas vivências marcadas por profunda escassez, privação e violência.

Entender historicamente as escolhas que esses jovens respresentaram em suas canções costitui-se um desafio, na medida em que as letras carregam sonhos, desejos, dores, esperanças e projetos ou, em algumas delas, a falta disso tudo.


Expressão Ativa - Na dor de uma Lágrima - Espaço RAP

segunda-feira, 23 de maio de 2011

RAP - Outra Representação Competente da Violência


Ao Cubo - Naquela Sala


Alguns rappers se tornaram, por meio de suas canções, cronistas competentes da violência cotidiana a que está submetido parcela dos jovens pobres de periferia. Por sofrer o que canta, o rapper é o legitimo portador da autoridade para falar sobre o sofrimento desses jovens.

Ao perceberem a força do tema "violência" no cotidiano e o consequente reforço dado pelos meios de comunicação, os rappers se especializaram em abordar a violência em todas as suas dimensões.

Dessa forma o RAP passou a inverter o discurso dos meios de comunicação, cantando de outro ponto de vista o que era distorcido pela mídia. O RAP apresenta versões alternativas ao discurso midiatico da violência.

O RAP apresenta um confronto sócio-político que procura neutralizar as falas incriminatórias e ideologizadas dos noticiários, que costumavam a associar o RAP à criminalidade nas favelas e nos morros.

Muitos, preconceituosamente, confundiram o RAP com o crime. Por isso, essas representações feita pelas letras não foram apreendidas. Ou seja, racista, classista e todo tipo de preconceituoso, não entendem o RAP. Ainda bem!


Essa postagem é oferecida por:

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Cursos Educar - Cursos Profissionalizantes a Distância


Há duas semanas comecei um curso a distância (Criação de Websites) pelo portal cursos educar. O Portal cursos educar oferece uma variedade de cursos profissionalizantes, dentre eles: Diagramação de Jornais e Revistas, Assessoria de Comunicação, Reportagem em TV, Redação em Rádio, Informática, Mídias Sociais, etc. São todos cursos muito baratos e práticos, que possibilitam a aplicação do conhecimento já na primeira semana. A modalidade de ensino a distância facilita enormemente a vida de que precisa estudar, mas não tem tempo. Além desses citados, o cursos educar oferece também vários cursos gratuítos. É só entrar no site e conferir:

quinta-feira, 5 de maio de 2011

O manobrista bêbado

Bar Aurora & Boteco Ferraz fizeram um espetacular filme de conscientização: 'Drunk Valet'.

Se um manobrista bêbado não pode dirigir seu carro, por que então você o dirige alcoolizado?




Essa é a mensagem: "Não deixe um mostorista alcoolizado dirigir seu carro, mesmo que esse motorista seja você!"

Tinha de virar uma campanha!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

TUDO É AFRICANO

Palestra realizada no dia 18/04/2011 na EMEF Antônio Carlos de Andrada e Silva, ministrada pelo Prof. Dr. Henrique Cunha Jr. sobre as Contribuições dos Africanos para a Cultura Brasileira.



Filme produzido pelos Alunos Monitores da Sala de Informática Educativa.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Comercial contra o racismo

Esse vídeo foi produzido para o público português. Faz parte de uma campanha da Anistia Internacional contra a xenofobia e o racismo.



Se os racistas passassem por essa, o mundo seria diferente! Sorte dos preconceituosos que essa "justiça" não existe.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

ESTAMOS JUNTOS - muitos pagam pelas ações de alguns

Precisamos urgentemente entender que o que fazemos afeta diretamente as pessoas com quem temos contato.



O grande problema é que muitos inocentes têm pagado um preço alto pelas atitudes dos inconseqüentes.

terça-feira, 5 de abril de 2011

segunda-feira, 28 de março de 2011

UNICEF: Por uma infância sem racismo

Unicef lança uma importante campanha alertando para o mal que o racismo causa na formação de uma criança.

No Brasil quem apresenta o impactante filme é o ator Lázaro Ramos.





O filme comprova, com dados mais que concretos, que, de fato, existe racismo no Brasil e que suas principais vítimas são as crianças negras e indígenas.

Vamos apoiar!

Para ajudar a divulgar a campanha visite o site:

http://www.infanciasemracismo.org.br/

domingo, 27 de março de 2011

Tyler James Williams não é parecido com Pelé

Tyler James Williams não é parecido com Pelé. Não acho que Tyler James Williams seja parecido com Pelé. Existe um comportamento que faz com indivíduos de uma determinada etnia não consiga diferenciar as características individuais das pessoas de outras etnias, tomando-as todas por iguais. Esse fenômeno é grave, pois levou, e leva, muitos inocentes a serem incriminados, presos e até mortos pela “confusão”. Jovens afrodescendentes e até brasileiros pobres se identificam com sua personagem no seriado Everybody Hates Chris por sofrerem as mesmas perseguições e preconceitos.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Curta sobre Consciência Negra

Impressionante curta-metragem sobre o Dia da Consciência Negra, elaborado pelos Alunos Monitores do Laboratório de Informática Educativa da EMEF Antônio Carlos de Andrada e Silva na Zona Leste.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O Hip Hop na ONG Ação Educativa


A ONG Ação Educativa foi fundada em 1994, tendo como missão promover os direitos educativos da juventude, através de projetos culturais e educativos que garantam, também, a sustentabilidade social. Localizada na rua General Jardim, nº660, o prédio também serve de sede para outras ONG’s: ABONG e Fundo Brasil de Desenvolvimento Humano. Para realizar suas atividades a ONG conta com apoio de parceiros nacionais e internacionais. Nesse site há uma lista de todos os patrocinadores nacionais e internacionais: www.acaoeducativa.org.br.
A ONG Ação Educativa ganhou importância como ponto de encontro permanente para as atividades ligadas ao hip-hop, incentivando a realização de trabalhos na área da cultura e da educação voltados para a inclusão de populações marginalizadas e/ou discriminadas e a conseqüente apoio às lutas pela efetivação de direitos negados.
No que diz respeito à cultura de periferia existe um apoio bastante intenso para as atividades realizadas por hiphoppers. A ONG Ação Educativa apóia as iniciativas dos jovens do hip hop desenvolvidas nas periferias da Grande São Paulo (principalmente através da divulgação na Agenda Cultural da Periferia), além de ceder seu anfiteatro para a realização de atividades no centro da cidade. Este pequeno anfiteatro foi construído no piso térreo do prédio. A cultura de periferia é representada no espaço da Ação Educativa por uma série de expressões: mostra de filmes, saraus de poetas e MC’s periféricos, eventos de hip hop, rodas de samba, encontros e oficinas de dança, discotecagem e grafite.

Suburbano no Centro, organizado por Alessandro Buzo.

Voltados para o público do hip hop existem encontros mensais, anuais e os que são eventualmente realizados. Como por exemplo: Suburbano no Centro (organizado pelo escritor Alessandro Buzo durante alguns meses por ano, onde se apresentam grupos de RAP); Sarau do RAP (organizado mensalmente pelo poeta Sérgio Vaz, apresenta poetas da periferia e mc’s); Hip Hop de Câmara (realizado semanalmente pelo rapper Panikinho, são ensaios semanais de grupos de RAP e Dj’s); encontros flutuantes.
Esses encontros acabam culminando em um grande evento, geralmente realizado no mês de julho, denominado “Semana de Cultura Hip Hop”. Durante as tardes e noites desta semana acontecem oficinas, saraus, palestras, apresentações englobando os elementos da cultura Hip Hop.
Algumas das informações que apresento nesse texto foram prestadas por Eleison Leite, coordenador da Agenda Cultural da Periferia. A Agenda Cultural da Periferia apresenta a programação das expressões periféricas na Grande São Paulo, nos bairros, e no centro da cidade organizadas por capítulos: Hip-Hop, Samba, Cinema e Vídeo, Literatura, Grafites, Outras Cenas e A Periferia no Centro.
O intuito do boletim é favorecer a circulação de informações sobre a produção dos agentes culturais da periferia e fazer com que pessoas (que não são moradoras da periferia ou moradores de outras periferias) possam circular e freqüentar os espaços culturais nos bairros mais afastados.
Alguns eventos são realizados nas periferias e por jovens dessas áreas. Posteriormente, os organizadores passam a realizá-los também no centro da cidade, contando com o apoio e ocupando o anfiteatro da Ação Educativa para as práticas da cultura hip hop. Isso mostra que o hip hop é uma cultura que não ficou restrita a periferia. Ele nasceu no centro e continua no centro, tendo como alvo e produtores os jovens de periferia que circulam no centro da Cidade.


O site da Agenda da Periferia é: http://www.acaoeducativa.org.br/agendadaperiferia/

sábado, 29 de janeiro de 2011

A Periferia Invade o Centro


Ao circular por áreas do centro, de dia e de noite, pude observar o quanto essa presença da periferia se exprime de várias formas deixando suas marcas a partir das interações estabelecidas.

Grandes levas de pessoas viajam horas, apertados em meios de transportes sem nenhum conforto para terem sua força de trabalho explorada em troca de um mísero salário. Somam-se a esses viajantes das periferias os milhares que já vivem nas regiões degradadas da cidade. Em cortiços no Brás, Parque Dom Pedro, Bom Retiro, Avenida São João, Bexiga uma parte da Bela Vista, Liberdade, Estação da Luz, Vale do Anhangabaú, Praça da Sé e da República, entre outras.

Além dos corticeiros desses locais, existe um número imenso de moradores de rua. Desempregados a procura de empregos, usuários de crack, subempregados, trombadinhas e trombadões, jovens e crianças abrigadas, jovens em busca de espaços de consumo e lazer, que fazem do centro da cidade de São Paulo um mundo de diversidades culturais, marcado por estilos, caracterizados por vestimentas, gírias específicas, rearranjando espaços para formas diversas de sociabilidade.

Esse grande número de pessoas pobres e miseráveis, moradores ou não, que ocupa diuturnamente os espaços do Centro, demonstra que o padrão de urbanização, que postula que as classes médias e altas devam morar nos bairros centrais enquanto os pobres devam ficar confinados nas periferias afastadas do centro, não é rígido.

Ricos e pobres experimentam o centro da cidade de formas bem diferentes. Os primeiros o conhecem através das janelas, muitas vezes com películas protetoras e/ou vidros blindados, não andam nas ruas e não freqüentam muitos espaços públicos da cidade. Andam de um estacionamento de um condomínio a um estacionamento de outro prédio. Olham a cidade do alto. Vivem, circulam e procuram lazer em espaços monitorados por câmeras e acompanhados por seguranças armados.

Já os pobres são abandonados à esfera publica tradicional das ruas. Esses circulam por todo o centro, freqüentam as ruas cotidianamente, conhecem os perigos e riscos, os odores, os buracos, os esquemas dos traçados labirínticos, das pontes, ladeiras, praças e escadarias. Neste sentido, o centro é invadido pela cultura de periferia, não só porque os da periferia o freqüenta para o lazer e para trabalho, como também por causa da grande população pobre permanente em cortiços, submoradias, abrigos e orfanatos ou mesmo embaixo de marquises e pontes. As classes dominantes criam uma série de artifícios para poder expulsá-los desses espaços: paredes cheias de pedras embaixo de pontes, fechamento de parques e banheiros públicos, esguichos em locais onde eles se reúnem para dormir.

O processo de "gentrification" falhou, se é que ele já foi colocado em prática, em várias áreas do Centro de São Paulo. Ou seja, a intenção de empurrar os moradores pobres, negros, nordestinos e outros de baixa renda para as afastadas periferias não deu totalmente certo. Primeiro, por que as pessoas resistem, a partir da criação cotidiana de estratégias de sobrevivência. Segundo porque, o centro como espaço que reúne uma diversidade de serviços precisa de um grande contingente de mão de obra. Nem todas as pessoas que trabalham no centro se submetem a longas viagens diárias. Alguns desses procuram submoradias em regiões degradadas do centro. Por isso, a degradação de determinadas áreas do centro da cidade possibilita que os pobres continuem a ocupá-lo mais efetivamente.

"gentrification":Fenômeno criado pela ação da especulação imobiliária. É uma espécie de processo de “enobrecimento” que ocorre quando uma área central, estagnada e/ou degradada de uma cidade recebe investimentos em serviços e/ou infraestrutura básica. Esse fenômeno acaba por expulsar as camadas empobrecidas, que ocupam essa região central, para as periferias. Em função da supervalorização dos preços para se morar nessa região, só os que têm poder aquisitivo maior consegue ocupa-la (KOWARICK, Lucio. A espoliação urbana. São Paulo: Paz e Terra, 1979:21,22,37).