No Brasil, especificamente em São Paulo, o RAP e o Hip Hop se desenvolveram a partir de meados dos anos 1980 por meio de encontros de jovens de periferia nas Praças da Sé e Rode Roosevelt, no Vale do Anhangabaú, nas Ruas Dom José de Barros e 24 de Maio e na Estação São Bento do Metrô (Ler: PIMENTEL, Spency. O Livro Vermelho do Hip Hop. ECA/USP, 1997). Em finais de semana, esses jovens participavam de encontros liderados pelo Breaker Nelson do Triunfo.
Além disso, alguns desses jovens começaram a improvisar e a compor rimas para serem cantadas por cima das músicas que eram tocadas. Assim, apareceram os "tagarelas", como eram chamados os rappers. O Funk falado, como foi denominado o RAP, quando chegou ao Brasil , os movimentos do break e a música foram espalhados pelas periferias paulistanas através de bailes que aconteciam nas ruas, nas escolas e nos clubes dos bairros que veiculavam black music há algumas décadas.
No fim da década de 1980, alguns grupos de RAP apresentavam seus talentos em concursos promovidos por grandes equipes organizadoras de bailes blacks na cidade de São Paulo - Chic Show, Black Mad, Zimbabwe.
Particularmente, Milton Sales, Dj e promotor cultural, reuniu os vários grupos de RAP e passou a promover concursos e apresentações. Ele também criou o MH2O (Movimento Hip Hop Organizado) para facilitar a difusão do RAP na periferia, e produziu, em estúdios de gravação alugados, os primeiros discos desse gênero musical, que traziam coletâneas contendo as rimas dos rappers (Leia: ROCHA, DOMENICH & CASSEANO. Hip Hop: a periferia grita. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2001).
Foi numa dessas coletâneas que surgiu o grupo Racionais MC's. Para difundir o RAP na cidade, Milton Sales buscou e recebeu apoio da Prefeira de São Paulo que, na época, estava sob a administração da prefeita Luiza Erundina.
Trecho do texto: CARVALHO, João Batista Soares de. A importância do Hip Hop e do RAP para parcela dos jovens de periferia. In: Revista Unicsul. São Paulo. Ano 12 - n. 15 - Junho 2007.