domingo, 12 de junho de 2011

Envolvimento dos Jovens na Cultura Hip Hop



O envolvimento se dá em diferentes níveis, dependendo do trajeto que cada pessoa ou grupo empreende ou não no circuito do hip-hop. Existem jovens e/ou grupos de jovens que tem um contato tênue com os elementos, enquanto outros participam ativamente, freqüentando com assiduidade os espaços, encontros, eventos, festas espalhados pela cidade. Por essas razões construí uma classificação inicial do grau de envolvimento dos jovens, agentes pesquisados.

Os simpatizantes/admiradores são jovens que conhecem alguns elementos (break, rap, grafite, discotecagem) de forma isolada, fora do contexto do hip-hop. Gostam, sobretudo, das canções rap, nacionais ou internacionais. Conhecem os principais e/ou mais famosos grupos e cantores de rap. Vão a um ou outro show desses grandes expoentes, quando ocorrem no pedaço ou em localidades próximas. Consomem o RAP através das rádios, da internet, dos cds comprados em camelôs do próprio pedaço. Concomitantemente, curtem outros estilos musicais. Vestem-se ao estilo da periferia, mas não são fiéis às indumentárias hip-hop. Alguns tendem a confundir o rap (provavelmente único elemento do hip-hop conhecido por eles) com trilha sonora da bandidagem ou do crime.

Gostam do som e entendem as entrelinhas, gírias, contidas nos versos do poema, de forma fragmentária e, por vezes, distorcida em relação às interpretações mais correntes Não conhecem, por conseqüência, os objetivos, a história, trajetória ou iniciais tradições da cultura hip-hop. Não transitam pelo circuito das festas/eventos/encontros da cultura, não reconhecem conscientemente a existência desse circuito. Às vezes se encontram em um ou outro espaço do circuito, levados por alguém com um grau de envolvimento maior.

Já os participantes são jovens ou grupos de jovens que integram o hip-hop participando de suas festas sem se envolver no desenvolvimento prático de algum dos elementos. Alguns têm parentes ou amigos que são ativistas, recebendo, assim, informações privilegiadas. Por isso, já sabem parte da história da cultura e podem encontrar equipamentos de lazer, circulando em boa parte do circuito do hip-hop. Servem de espectadores fiéis para os breakes, rappers, dj’s e grafiteiros durantes as festas de hip-hop.


Cultuadores, Militantes e/ou Ativistas encontram-se, nessa classificação inicial, num mesmo grau ou nível de envolvimento na cultura ou movimento hip-hop. Tanto uns, quanto outros são responsáveis pela continuidade do estilo e muitos são marcados pelo fato de se colocarem como produtores e não apenas consumidores de seus elementos. Desenvolvem desse modo seus talentos, praticando um ou todos os elementos. A sutil, mas presente, distinção entre esses tipos de agentes fica por conta da forma como encaram o hip-hop.

Os militantes/ativistas tomam o hip-hop como um movimento social e muitos deles pertencem a partidos políticos ou são ativistas do movimento negro. Alguns desses militantes costumam citar nos encontros/eventos, nos quais há possibilidade de fala, os autores da literatura marxista. Enquanto os cultuadores buscam conhecer profundamente o desenvolvimento da história, dos expoentes e dos elementos do hip-hop, os militantes procuram usar o “movimento” (nomeado por eles) como veiculo de difusão de discursos de conscientização política e étnica. Internamente, tanto um quanto outro grupo são chamados de ativistas. Deve-se atentar para não cair na armadilha de afirmar que os cultuadores são mais preocupados com a parte operativa e prática, enquanto os militantes cuidam da parte intelectual do hip-hop, visto que os cultuadores se mostram, através das falas nos encontros, muito conscientes do seu papel como constituidores de identidade étnico-política atual e dinâmica. Os militantes, também, demonstram profundo conhecimento da história do hip-hop.



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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Clima de Favela - Chamada

domingo, 5 de junho de 2011

Intelectuais da Periferia - Rappers




No início dos anos 1990, a forte influência do discurso intelectualizado dos grupos de RAP estadunidenses e o contato com o movimento negro levaram os rappers paulistanos a incorporar alguns símbolos da luta afro-americana pelos direitos civis (Leia: ANDRADE, E. N. de. RAP e Educação, RAP é Educação. São Paulo, Hummus, 1999.).

Em decorrência disso, os rappers passaram a ler biografias dos principais líderes afro-americanos com o intuito de conhecer a história da diáspora africana para as Américas e, principalmente, as especificidades do racismo brasileiro. A estratégia centrava-se na obtenção do entendimento e conhecimento dos problemas sociais e étnicos para fundamentar as ações e as canções RAP. (Leia: SILVA, J. C. G. da. Arte e educação: a experiência do hip hop paulistano. In: RAP e Educação, RAP é Educação. São Paulo, Hummus, 1999. pp. 23-38.)

Assim, as representações étnicas, religiosas, das classes sociais e da violência urbana das canções encontravam referências nas experiências cotidianas e intelectuais dos jovens produtores de RAP.

Diante desse cenário, pode-se pensar o RAP como um espaço de disputas, caracterizado não só por mudanças e transformações, como também por resistências e permanências. Além disso, é possível observar como se deu o processo de simulação de força que transformou o RAP numa tática lingüística eficiente para driblar os contratos e alterar, através do jogo poético, as regras de um espaço opressor. (Ideia inspirada em CERTEAU, M. Invenção do Cotidiano: artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1994.)

Nesse sentido, o RAP foi o efeito colateral do sistema opressor que não dava espaço para expressão do descontentamento por parte dos jovens de periferia. O RAP virou uma válvula de escape, ou seja, uma forma de expor o que, pelas vias "cidadãs", não podia ser dito.


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quarta-feira, 1 de junho de 2011

2011 - Ano Internacional do Afrodescendente

As representações mundiais da UNESCO estão promovendo o Ano Internacional dos Afrodescendentes. Durante todo ano haverá eventos que intensificam as discussões sobre ações que garantam a igualdade e inclusão da população negra por meio da cultura e da educação. Acesse a o site da representação da UNESCO no Brasil:



No blog Periferia em Movimento há informações sobre bolsa de estudo para afrodescendentes. Acesse:





Ηá ainda a oportunidade de bolsa de estudos para afrodescendentes na através da FUNDAÇÃΟ FORD
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