domingo, 27 de junho de 2010

“Sonhei com esse dia” - Mano Brown no Fantástico

Por João Batista Soares de Carvalho

“Sonhei com esse dia (...)” é um trecho da letra escrita por Mano
Brown e acrescentada a música Umbabarauma de Jorge Benjor. Essa
parceria inaugurou uma grande polêmica porque marcou a primeira
aparição planejada de Mano Brown no Programa Fantástico da Rede Globo.
Essa aparição gerou uma enorme repercussão e pode representar as
transformações pelas quais passa o hip hop, e conseqüentemente o RAP,
nessa década.
Alguns, mesmo ignorando a razão e não querendo saber das
justificativas, viram esse ato como uma prova de que o rapper se
vendeu para a “mídia”. Por outro lado, se analisarmos o clipe,
produzido pela Nike, notamos que Mano Brown não aparece de qualquer
forma. Normalmente um jovem negro aparece nos principais veículos
televisivos tachado como criminoso e armado. No clipe, Mano Brown
apresenta outras armas que a periferia está aprendendo a usar. Mano
Brown representa, no clipe, o negro criador, o escritor, o compositor,
o músico. Em vários trechos do vídeo ele aparece manipulando a letra,
usando um caderno e uma caneta. Como ele já cantou várias vezes, essas
deveriam ser as armas dos pobres, dos pretos de periferia, favelados.
Mano Brown não precisa justificar nada. Não fez nada de errado. Não
foi incoerente. Principalmente porque se o Jorge Benjor veio a
quebrada, no reduto de Mano Brown, cantou para o público do RAP, foi
justo Mano Brown retribuir. Além disso, não foi de graça: toda a renda
da venda dessa música será revertida para o projeto social criado por
Mano Brown no Capão Redondo.
Como disse um colega meu: “Agora favelado tem razão pra pagá de Nike,
sobro uns cobre pra nóis!”

Um comentário:

  1. O rap não é brincadeira! esses espaços foram conquistados com muito sacrifício de vários locos!E o brown é um desses locos que ninguém no país botava uma fé! Faziam é criticar mortalmente,agora que se curvem diante do RAP NACIONAL !
    A Boca maldita
    www.myspace.com/abocamaldita
    Deixa eu fazer o meu também, né não?

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